21 de julho de 2017


"Empreender e preservar a vida humana e o patrimônio natural da biodiversidade que garante o pulsar da vida"


O desconhecido nos leva à inquietude. Aos poucos, vamos dimensionando o espaço desconhecido, ele se familiariza, tornando-se identificável, conhecido, aceitável. Cada aprendizagem carrega um conjunto de elementos definidores de um formato, ao que chamaremos de "pavimentação", sobre um solo pantanoso. As aprendizagens individuais e coletivas se compõem sobre o pavimento com texturas, referências que apontam o caminho a percorrer, o quanto ainda há para percorrer e o que será necessário realizar para garantir um percurso com segurança. O caminho desconhecido surpreende. Em cada lado deste pavimento veem-se ocultadas algumas experiências que se perdem, outras que se somam. As evidências e ocultações revelam alguns dos elementos da tensão do mundo moderno, em sua contemporaneidade, luz e escuridão que apenas evidenciam a complexidade ao cruzá-lo.

O nada da escuridão se mescla à luz de faróis que cegam pelo brilho que emitem, nisto atrofia, distorce e dificulta uma maior lucidez. Uma situação paradoxal entre os avanços e os recuos que fará parte desta jornada. Portanto, faz-se necessário entender como, quando e por onde avançar, isso torna o pensar um ato criativo e necessário de imaginação permanente, e a essência deste pensar fecunda intuindo à textura emergente perguntas e respostas até então desconhecidas.

De outra parte, este enunciado destrói, uma a uma, todas as concepções materiais e culturais anteriores. Concepções que impedem manifestações de um novo perfil em suas dimensões objetivas e subjetivas. Os elementos anteriores que surgem nas mentes e no fazer cotidiano começam a desmoronar, emitindo sinais de fraqueza, carga ilusória que o estado de consciência crítica começa a entender, como percepção de que este lugar não é o seu lugar, seu lugar é no passado, não há lugar no futuro.

Esse formato necessita de muito trabalho teórico, do pensar em encontrar formas de desconstruir a cultura do capitalismo, esta na alta modernidade, contém muita mais força do que a materialidade que a crio. Esta hoje se encontra na derme e na epiderme dos indivíduos, dita sua conduta cotidiana com a lógica que destrói a capacidade critica de pensar fora dela. Uma cultura que poderia definir seus eixos básicos acentuam-se em quatro aspectos: dinheiro, poder, fama e consumo.

O dinheiro parece ser o fundamento da busca humana, pelo trabalho e, sobretudo, pelas formas "não legais" que permeiam a sociedade; o poder que o dinheiro possibilita para dominar, submeter, comprar e demonstrar ás outras pessoas que não têm dinheiro e nem poder. A fama, pois numa era da informação quem não estiver em cena e não puder demonstra seu "sucesso" aos outros, parece não ter sentido algum, somente há sentido e valor quando demonstrar admiração e ou cobiça. O consumo é o fundamentalismo da modernidade, você não existe, não pode existir e ser feliz sem o consumo, sua "cidadania", nesta lógica mede-se pelo consumo.

Esse tempo experimental, no exercício da clarividência, levanta inúmeras questões, conjunto de suposições que possibilitam identificar outro modo de ser, pensar, produzir, consumir. Com intensidades e formato diversos ao anterior em seus variados aspectos. Assim, a forma sustentável, conceito provisório, apresenta-se como um enunciado.

Igualmente, no percurso, todos se transformam, de uma forma ou de outra, em aprendizes das transformações necessárias para que o futuro se instale. Isso significa motivar a apreender a empreender de forma sustentável, continuada, permanente. Empreender e preservar a vida humana, patrimônio único e raro, e o patrimônio natural da biodiversidade que garante o pulsar da vida.

PAULO BASSANI é sociólogo e professor da UEL 

Folha de Londrina -  21/07/2017 – pág. 02

15 comentários:

  1. Muito bem. Mais um pequeno texto de reflexão. Parabéns !!!!!!!

    ResponderExcluir
  2. Abrir um diálogo científico com o futuro, parece ser uma boa. um boa iniciativa prof. Bassani. Parabéns !

    ResponderExcluir
  3. Como posso particiapra dessa conversa acerca de novos modos de viver e pensar. Se puder me avise.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, nos do GEAMA estaremos promovendo eventos nos próximos meses, como a "Edição 2017" e uma serie de encontros de diálogos com o professor Paulo Bassani denominada "Diálogos Socioambientais: Um Pensar Imperfeito", fique atento em nossas midas sociais para mais informações!

      Equipe GEAMA

      Excluir
  4. Ao quetudo indica é por ai o debate. temos que enfrentar essa problemática de construir um futuro saúdavel para todos. sempre imaginando que todos tem o direito a viver num planeta que garanta a habitabilidade.

    ResponderExcluir
  5. Muito bem. polemizar, esta é uma função importante dos intelectuais. Bassani estabelece sua contribuição. legal !!!

    ResponderExcluir
  6. Não há futuro para os trabalhadores e nem para a natureza, enquanto durar o capitalismo. O texto sugere isso. Parece ser uma percepção inteligente, porém não ficam claras as formas de superação do mesmo. É preciso avançar.

    ResponderExcluir
  7. Precisamos de pessoas para pensar os próximos passos. Penso que não poderemos encontrar nada de bom que não seja resultado do pensar.Talvez a universidade necessite de mais e melhores ensaios, livros, artigos científicos, debates que possam agregar para as transformações necessárias. Prof. Bassani, parabéns !

    ResponderExcluir
  8. O homem e seus medos. Principalmente sobre o que não conhece, o caminho novo, um horizonte novo. bem percebido !

    ResponderExcluir
  9. Valeu. Estou atento aos seus escritos. acompanho já algum tempo. servem para minhas reflexões e trabalho que desenvolvo com meus alunos.

    ResponderExcluir
  10. Será que os alunos estão atentos e interessados. Parece ser essa uma forma de despertar para o pensamento crítico com pequenos ensaios.

    ResponderExcluir
  11. Existem muito medos por aí. Ele nos impedem, dificultam nossos avanços como seres humanos, como seres criativos. Muito bem, precisamos estudar, debater, aprofundar. Por aí..

    ResponderExcluir